O pós-modernismo
é uma expressão cultural bem difundida nos países Ocidentais. Se trata mais de
uma maneira de pensar e agir do que uma filosofia organizada em teses,
preceitos, e argumentos. O pós-modernismo é um sentimento o qual afirma que
verdades não são absolutas mas sim relativas.
Para o pensador pós-moderno o que
é verdade para uma pessoa pode ser diferente do que é verdade para outra
pessoa. Ambas estas verdades, porém, são igualmente válidas independentemente
da possibilidade de fazerem afirmações logicamente opostas uma a outra. No
sentimento pós-modernista, o ponto de referência para verdades últimas ou
máximas é o indivíduo. O indivíduo possui a palavra final em relação ao que é
verdadeiro ou não. O pós-modernismo portanto nega, ou menospreza a
possibilidade da existência de verdades absolutas originárias fora da mente do
indivíduo. Verdades absolutas cujo ponto de origem reside em algo ou alguém com
relevância universal não ocupam lugar de importância no pensamento pós-moderno.
O exemplo
mais corriqueiro deste sentimento ou pensamento pós-moderno na América do Norte
é uma idéia chamada "inclusivismo". Em sua essência, o inclusivismo
confunde o indivíduo com as idéias do indivíduo. A idéia básica do inclusivismo
é que todas as pessoas devem ser incluídas. Este sentimento tem repercussões em
todas as esferas de existência social, moral, religiosa, e ideológica. Não
somente todos os indivíduos devem ser igualmente inclusos mas suas idéias
tambem devem ser aceitas como igualmente válidas. Não importa ao pensador
pós-moderno se algumas idéias se oponham umas as outras. Todas são válidas e
consideradas igualmente verdadeiras. O pós-modernismo não somente quer incluir
todas as pessoas igualmente, mas quer incluir também todas as idéias e
confissões religiosas igualmente.
O
sentimento pós-moderno não vê nenhum problema na inclusão de duas ou mais
religiões dentro de uma mesma reunião de expressão religiosa mesmo se estas
duas ou mais religiões professem doutrinas logicamente opostas. Por exemplo,
digamos para efeito de ilustração deste ponto, que sua expressão religiosa
afirma que existe somente apenas um deus e minha expressão religiosa afirma que
existem vários deuses. O pensador pós-modermo não vê nenhum problema em incluir
ambos de nós sob um mesmo teto de adoração religiosa recebendo ambas nossas
ortodoxias como sendo igualmente válidas. Tipicamente o pensador pós-moderno se
defenderia dizendo simplesmente algo como: "Quem somos nós para afirmarmos
que existe somente um deus ou que existem vários. Se voce crê da maneira que
voce crê então está muito bem."
O exemplo
acima é extremo mas é real. Práticas de cultos "inter-fé" fazem parte
da programação religiosa de várias denominações protestantes tradicionais.
Não é
difícil de se observar a dificuldade de se manter consistência intelectual e
coerência dentro de um sistema ideológico que relativiza a verdade. No exemplo
acima a única maneira que ambos poderíamos participar juntos de expressões
religiosas sem comprometer nossas convicções, seria se deixassemos estas
convicções na porta de entrada. Mas neste caso, a expressão religiosa deixa de
ser relevante pois o motivo e propósito da expressão é deixado de fora. Em
lugar das expressões consistentes com as convicções de cada um, se realizariam
apenas afirmações inócuas ou rituais desconectados
de sentido doutrinário duradouro.
A
alternativa ao pensamento pós-modernista que é mais coerente e intelectualmente
lúcida é aquela que articula idéias concretas com afirmações definitivas. No
caso em que haja divergência de opinião, o diálogo entre as partes com cada
parte defendendo seu próprio ponto de vista é uma estratégia mais coerente.
Neste caso o ponto fundamental são as afirmações definitivas.
Duas ou
mais pessoas podem e devem utilizar afirmações definitivas, ou seja, afirmações
que propõem-se a comunicar realidade ímpares submetendo-as ao escrutínio da
outra pessoa. Indivíduo A afirma, por exemplo: "O apóstolo Paulo é um
personagem histórico." Indivíduo B afirma: "A apóstolo Paulo é um
personagem de ficção." As duas afirmações não podem ser logicamente
verdadeiras ao mesmo tempo. Há apenas uma possibilidade: ou o apóstolo Paulo é
um personagem histórico ou não é. Cada indivíduo deve então defender sua
afirmação com o objetivo de convencer o outro.
O
sentimento pós-moderno se inibe frente a afirmações definitivas pois interpreta
que o debate entre as partes é uma confrontação. O pós-moderno comumente
interpreta afirmações definitivas como uma forma de intolerância sem se
importar com a inconsistência intelectual que a aceitação de verdades opostas
acarreta.
Mas como podemos
saber se nossas afirmações têm fundamento e consequentemente podem ser
proferidas com segurança? Se minha opinião é formulada dentro de mim mesmo e a
única origem desta opinião são os meus próprios pensamentos sem respaldo
externo, será que isto é suficiente para eu proferir afirmações relevantes?
Proponho que não é. Independente da diversidade de experiências que cada um
trás, todos nós necessitamos de um ponto de apoio em verdades fundamentais
imutáveis.
Por
exemplo: Hoje em dia ninguém com conciência sã diria que o Sol gira ao redor da
Terra. Todos sabem, pois cientistas afirmam e fotos comprovam, que a Terra gira
em torno do Sol, conforme uma órbita bem definida. Se eu lhe fizer uma
afirmação categórica dizendo que minha verdade diz que a Terra gira em torno do
Sol, você com certeza, dirá que estou seriamente enganado. Nem mesmo o pensador
pós-moderno aceitaria que minha verdade sobre a rotação do Sol é verdadeira
para mim assim como a verdade da rotação da Terra em torno do Sol é verdadeira
para você.
O exemplo
acima, como o anterior, também é extremo. Mas o pensador pós-moderno pratica
exatamente a mesma incoerência sugerida pelo exemplo acima, quando trata de
assuntos ideológicos e teológicos. O pensador pós-moderno quer afirmar que os
pensamentos fundamentais do Confucionista,
Budista, Islâmico, Judeu, e Cristão têm equivalência e são igualmente
válidos como fundamentalmente verdadeiros. Esta afirmação pós-moderna porém, é
tão incoerente quanto as afirmações sobre a rotação da Terra em relação ao Sol
do exemplo acima.
A esta
altura o leitor poderia estar um tanto duvidoso. O leitor poderia estar
pensando: "Certamente o autor está exagerando. O pensamento pós-moderno
não é bem assim. É claro que um pensador pós-moderno não iria afirmar algo
semelhante a ao exemplo acima." Felizmente para efeito do argumento, temos exemplos de larga projeção cultural na
América do Norte. Porém infelizmente para o bem estar da família
Norte-Americana, estes exemplos, os quais têm larga aceitação social (pois o
pós-modernismo é muito abrangente), ameaçam a estabilidade da família como
célula fundamental da sociedade.
Veja o
leitor, por exemplo, a recente decisão da Suprema Corte Norte-America
legalizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esta decisão, da maioria
liberal da Suprema Corte, reflete um pensamento completamente relativizado.
Neste caso, evidências biológicas, históricas, sociológicas, e teológicas foram
desconsideradas. Em seu lugar foram consideradas apenas preferências e
tendências sociais e culturais as quais se contrapõe logicamente às evidências
naturais e teológicas. Isto só é possível dentro de um universo pós-moderno. No
universo pós-moderno, o ponto de referência da ética e da moral é o indivíduo.
Neste caso em particular, as referências éticas e morais são apenas os
sentimentos sociais e culturais. Não é difícil de se visualizar a discrepância
intelectual e o perigo social que esta maneira de pensar causa. Outros exemplos
com projeção cultural não faltam. O mesmo ocorre com a questão do aborto e como
já foi mencionado acima, a prática de cultos inter-fé.
O
pós-modernismo como sistema de pensamento não auxilia descobertas e narrativas
filosóficas e teológicas com coerência. O Cristianismo, por exemplo, apresenta
afirmações definitivas acerca de uma variedade muito grande de realidades.
Estas afirmações tem respaldo histórico, lógico, filosófico, e moral. O
interessado que se preste a saber quais são as propostas fundamentais do
Cristianismo pode e deve abordar o assunto com uma mente inquisitiva buscando
coerência nas afirmações. O Cristianismo, por exemplo, apresenta afirmações
coerentes que estabelecem a única relação entre o homem e o motivo de sua
existência que faz sentido universal.
Porque não
tentar compreender esta relação. Mas para se ganhar consistência e coerência o
interessado terá muito mais êxito se abordar sua inquisição com uma mente
receptiva a afirmações definitivas do que se abordar com pensamento
pós-moderno.
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