Saturday, August 01, 2015

Pós-modernismo: Verdades Verdadeiras ou Asserções Relativas?

O pós-modernismo é uma expressão cultural bem difundida nos países Ocidentais. Se trata mais de uma maneira de pensar e agir do que uma filosofia organizada em teses, preceitos, e argumentos. O pós-modernismo é um sentimento o qual afirma que verdades não são absolutas mas sim relativas. 

Para o pensador pós-moderno o que é verdade para uma pessoa pode ser diferente do que é verdade para outra pessoa. Ambas estas verdades, porém, são igualmente válidas independentemente da possibilidade de fazerem afirmações logicamente opostas uma a outra. No sentimento pós-modernista, o ponto de referência para verdades últimas ou máximas é o indivíduo. O indivíduo possui a palavra final em relação ao que é verdadeiro ou não. O pós-modernismo portanto nega, ou menospreza a possibilidade da existência de verdades absolutas originárias fora da mente do indivíduo. Verdades absolutas cujo ponto de origem reside em algo ou alguém com relevância universal não ocupam lugar de importância no pensamento pós-moderno.

O exemplo mais corriqueiro deste sentimento ou pensamento pós-moderno na América do Norte é uma idéia chamada "inclusivismo". Em sua essência, o inclusivismo confunde o indivíduo com as idéias do indivíduo. A idéia básica do inclusivismo é que todas as pessoas devem ser incluídas. Este sentimento tem repercussões em todas as esferas de existência social, moral, religiosa, e ideológica. Não somente todos os indivíduos devem ser igualmente inclusos mas suas idéias tambem devem ser aceitas como igualmente válidas. Não importa ao pensador pós-moderno se algumas idéias se oponham umas as outras. Todas são válidas e consideradas igualmente verdadeiras. O pós-modernismo não somente quer incluir todas as pessoas igualmente, mas quer incluir também todas as idéias e confissões religiosas igualmente.

O sentimento pós-moderno não vê nenhum problema na inclusão de duas ou mais religiões dentro de uma mesma reunião de expressão religiosa mesmo se estas duas ou mais religiões professem doutrinas logicamente opostas. Por exemplo, digamos para efeito de ilustração deste ponto, que sua expressão religiosa afirma que existe somente apenas um deus e minha expressão religiosa afirma que existem vários deuses. O pensador pós-modermo não vê nenhum problema em incluir ambos de nós sob um mesmo teto de adoração religiosa recebendo ambas nossas ortodoxias como sendo igualmente válidas. Tipicamente o pensador pós-moderno se defenderia dizendo simplesmente algo como: "Quem somos nós para afirmarmos que existe somente um deus ou que existem vários. Se voce crê da maneira que voce crê então está muito bem."

O exemplo acima é extremo mas é real. Práticas de cultos "inter-fé" fazem parte da programação religiosa de várias denominações protestantes tradicionais.

Não é difícil de se observar a dificuldade de se manter consistência intelectual e coerência dentro de um sistema ideológico que relativiza a verdade. No exemplo acima a única maneira que ambos poderíamos participar juntos de expressões religiosas sem comprometer nossas convicções, seria se deixassemos estas convicções na porta de entrada. Mas neste caso, a expressão religiosa deixa de ser relevante pois o motivo e propósito da expressão é deixado de fora. Em lugar das expressões consistentes com as convicções de cada um, se realizariam apenas afirmações inócuas ou  rituais desconectados de sentido doutrinário duradouro.

A alternativa ao pensamento pós-modernista que é mais coerente e intelectualmente lúcida é aquela que articula idéias concretas com afirmações definitivas. No caso em que haja divergência de opinião, o diálogo entre as partes com cada parte defendendo seu próprio ponto de vista é uma estratégia mais coerente. Neste caso o ponto fundamental são as afirmações definitivas.
Duas ou mais pessoas podem e devem utilizar afirmações definitivas, ou seja, afirmações que propõem-se a comunicar realidade ímpares submetendo-as ao escrutínio da outra pessoa. Indivíduo A afirma, por exemplo: "O apóstolo Paulo é um personagem histórico." Indivíduo B afirma: "A apóstolo Paulo é um personagem de ficção." As duas afirmações não podem ser logicamente verdadeiras ao mesmo tempo. Há apenas uma possibilidade: ou o apóstolo Paulo é um personagem histórico ou não é. Cada indivíduo deve então defender sua afirmação com o objetivo de convencer o outro.

O sentimento pós-moderno se inibe frente a afirmações definitivas pois interpreta que o debate entre as partes é uma confrontação. O pós-moderno comumente interpreta afirmações definitivas como uma forma de intolerância sem se importar com a inconsistência intelectual que a aceitação de verdades opostas acarreta.

Mas como podemos saber se nossas afirmações têm fundamento e consequentemente podem ser proferidas com segurança? Se minha opinião é formulada dentro de mim mesmo e a única origem desta opinião são os meus próprios pensamentos sem respaldo externo, será que isto é suficiente para eu proferir afirmações relevantes? Proponho que não é. Independente da diversidade de experiências que cada um trás, todos nós necessitamos de um ponto de apoio em verdades fundamentais imutáveis.
Por exemplo: Hoje em dia ninguém com conciência sã diria que o Sol gira ao redor da Terra. Todos sabem, pois cientistas afirmam e fotos comprovam, que a Terra gira em torno do Sol, conforme uma órbita bem definida. Se eu lhe fizer uma afirmação categórica dizendo que minha verdade diz que a Terra gira em torno do Sol, você com certeza, dirá que estou seriamente enganado. Nem mesmo o pensador pós-moderno aceitaria que minha verdade sobre a rotação do Sol é verdadeira para mim assim como a verdade da rotação da Terra em torno do Sol é verdadeira para você.

O exemplo acima, como o anterior, também é extremo. Mas o pensador pós-moderno pratica exatamente a mesma incoerência sugerida pelo exemplo acima, quando trata de assuntos ideológicos e teológicos. O pensador pós-moderno quer afirmar que os pensamentos fundamentais do Confucionista,  Budista, Islâmico, Judeu, e Cristão têm equivalência e são igualmente válidos como fundamentalmente verdadeiros. Esta afirmação pós-moderna porém, é tão incoerente quanto as afirmações sobre a rotação da Terra em relação ao Sol do exemplo acima.

A esta altura o leitor poderia estar um tanto duvidoso. O leitor poderia estar pensando: "Certamente o autor está exagerando. O pensamento pós-moderno não é bem assim. É claro que um pensador pós-moderno não iria afirmar algo semelhante a ao exemplo acima." Felizmente para efeito do argumento,  temos exemplos de larga projeção cultural na América do Norte. Porém infelizmente para o bem estar da família Norte-Americana, estes exemplos, os quais têm larga aceitação social (pois o pós-modernismo é muito abrangente), ameaçam a estabilidade da família como célula fundamental da sociedade.

Veja o leitor, por exemplo, a recente decisão da Suprema Corte Norte-America legalizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esta decisão, da maioria liberal da Suprema Corte, reflete um pensamento completamente relativizado. Neste caso, evidências biológicas, históricas, sociológicas, e teológicas foram desconsideradas. Em seu lugar foram consideradas apenas preferências e tendências sociais e culturais as quais se contrapõe logicamente às evidências naturais e teológicas. Isto só é possível dentro de um universo pós-moderno. No universo pós-moderno, o ponto de referência da ética e da moral é o indivíduo. Neste caso em particular, as referências éticas e morais são apenas os sentimentos sociais e culturais. Não é difícil de se visualizar a discrepância intelectual e o perigo social que esta maneira de pensar causa. Outros exemplos com projeção cultural não faltam. O mesmo ocorre com a questão do aborto e como já foi mencionado acima, a prática de cultos inter-fé.

O pós-modernismo como sistema de pensamento não auxilia descobertas e narrativas filosóficas e teológicas com coerência. O Cristianismo, por exemplo, apresenta afirmações definitivas acerca de uma variedade muito grande de realidades. Estas afirmações tem respaldo histórico, lógico, filosófico, e moral. O interessado que se preste a saber quais são as propostas fundamentais do Cristianismo pode e deve abordar o assunto com uma mente inquisitiva buscando coerência nas afirmações. O Cristianismo, por exemplo, apresenta afirmações coerentes que estabelecem a única relação entre o homem e o motivo de sua existência que faz sentido universal.


Porque não tentar compreender esta relação. Mas para se ganhar consistência e coerência o interessado terá muito mais êxito se abordar sua inquisição com uma mente receptiva a afirmações definitivas do que se abordar com pensamento pós-moderno.   

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